Thursday, November 19, 2009

Pudim

Recebi essa de um amigo e, como (quase) todo texto da Martha Medeiros, ADOREI!

Soooooo... here you are!

PS: E, sim, quero o pudim inteiro, se me faz o favor... :)


Pudim


Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir Pudim de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido.

Um só.

Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.]Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação....

Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça,enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão... Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.
Deixar de lado a régua,o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim:'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar vários pedaços de pudim, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga: um pudim inteiro um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK?
Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .

Saturday, November 14, 2009

To Say Nothing of the Dog


Yah, yeah, yeah, eu sei: não escrevo nada aqui há MILÊNIOS, mas entre ler toneladas de coisas para o meu Doutorado, alguns passeios por Montreal e a convivência com uma família maravilhosa não me sobra muito tempo mesmo.

Anyways, hoje não pude deixar de escrever. O caso é que estou lendo - após recomendação de um amigo (BTW, thanks for that, Christopher!) - um livro chamado To Say Nothing of the Dog.

Resumidamente, a história é sobre um historiador que vive no futuro (se não me engano em 2057) e que faz parte de um grupo que viaja ao passado coletando informações - sob ordens de uma ricaça com, definitivamente, DOIS parafusos a menos de tão prepotente que é! - para reconostruir uma réplica de uma catedral destruída na Segunda Guera Mundial. O problema é que de tanto fazer essas vaigens, os pesquisadores acabam sofrendo de time-leg, uma espécie de jet-leg causado pelas viagens no tempo, e cujos efeitos variam desde elocubrações poéticas a respeito das mínimas coisas (essas passagens são hilárias), verborragia (definição aqui e, sério, passei MAL de tanto rir com os trechos onde o cara desanda a falar!), desonrientação e dificuldade em distinguir sons (os trocadilhos e confusões causadas quando o personagem "ouve" palavras erradas são de morrer de rir também).

Ainda estou no início do livro e, claro, pode ser que a maionese desande mais adiante, mas poucas vezes um livro me conquistou tão rapidamente quanto esse. Ele é engraçado, espirituoso, tem umas reflexões interessantes - chegando às raias da física quântica mesmo - a respeito de viagens no tempo e suas consequências (não sobre os vaijantes, mas na história da humanidade) e várias citações literárias (de cabeça lembro agora de Sir Arthur Conan Doyle e Sherlock Holmes, sem falar no prórpio título do livro, tirado de Three Men in a Boat, To Say Nothing of the Dog de Jerome K. Jerome). Pena que não foi traduzido ainda para o Português (sim, sorry, quem se interessar vai ter que ler em inglês... :P), mas tomara que seja. Eu realmente recomendo.