Eu admito: sou naïve. Inocente, boba, beirando a patetice, quase burrice, mesmo.
Sou daquelas pessoas que acredita que todo mundo é bom até prova em contrário - quem leu meu antigo perfil no Orkut sabe disso. Mas às vezes esqueço que sou assim; já é tão normal, já faz tanto parte de mim que nem penso no assunto. Esta semana, porém, meu amigo Martin, comentando sobre alguns ocorridos com um amigo comum nosso, me fez lembrar disso.
Eu não sou em absoluto daquelas pessoas que já saem desconfiadas quando conhecem outra, muito pelo contrário! Como diz um amigo meu, pra mim todo mundo é "soooo coooooooool!". Obviamente muitas vezes me estrepo, tomo na cabeça, porque nem todas as pessoas são legais, nem todas são sinceras e/ou honestas, muita gente é falsa e mau-caráter mesmo, mas eu nunca penso nisso. Parto do princípio que todos são bons, e não é uma coisa que eu me forço a fazer: é o meu instinto natural. Sim, sou a definição de naïve em pessoa, mas não quero mudar: acho que não saberia viver se estivesse sempre com um pé atrás em relação às pessoas. É muito triste ser assim, viver em ceticismo constante. Prefiro ser boba mesmo, ver as pessoas todas por meio de lentes cor-de-rosa, dar uma chance pra todos.
Eu tenho tanta boa vontade para com os outros que até mesmo gente que outras pessoas não gostam, eu gosto! Tem a mãe de uma amiga minha e amiga/conhecida dos meus pais que metade da cidade detesta. Dizem que ela é esnobe, antipática, às vezes até estúpida com as pessoas - e é mesmo! Mas ainda assim eu gosto dela! Ela é divertida, tem um senso de humor fantástico, é generosa em muitos aspectos e nunca, NUNCA me tratou mal. Então eu gosto dela. Ponto. Sou inocente e babaca? Well, que seja. Não me importo, não me incomoda.
O que me incomoda, por incrível que pareça, não são também as óbvias decepções e pauladas que tomo na cabeça por ser assim, por acreditar quase que cegamente nas pessoas. Não me incomoda nem o fato de que, com esse meu jeito de ser, muita gente se aproveita da minha santa ingenuidade. Não. O que me incomoda é que, mesmo com todo esse voto de confiança natural e incondicional que dou para as pessoas, ainda assim algumas delas - poucas, graças aos céus - me despertam uma desconfiança logo de cara. É raro, raro MESMO, eu implicar com alguém de primeira e sem ter motivo algum, mas acontece. E quando acontece, posso dizer com 100 % de certeza que "aí tem". TODAS as vezes que eu por uma razão inexplicável - e volto a dizer que, ainda bem, foram poucas - eu não fui com a cara de alguém , essa implicância se mostrou certa e justificada. É um sixth sense filho da mãe que eu absolutamente não gostaria de ter, mas tenho.
Bom, daí tem também outro aspecto da coisa: não sei fingir. Quero dizer, saber eu sei; se precisar, finjo, mas por educação, por respeito a uma terceira (ou terceiras) pessoa(s) que não a dita cuja de quem não gosto, porém não por cinismo. Não gosto de ser falsa, não gosto de fingir, e quem me conhece sabe que quando não gosto de alguma coisa dá pra ler na minha cara NA HORA. Prefiro ser transparente sempre que possível. Bancar cinicamente a "queridinha" só pra sair de boa na história não é comigo, minha tática é ficar quieta no meu canto. Se não gosto, não vou implicar, não vou esculachar, mas também não me manifesto. Me abstenho, assim não sou obrigada a fingir.
Por isso, ultimamente tenho me visto em uma situação terrível. Conheci uma pessoa que, desde o primeiro momento, já fez o meu "alarme" interno tocar (Danger, Will Robinson, danger!!!). Tá, tudo bem, existe entre nós uma disputazinha não publicável aqui que pode ter contribuído para a minha implicância, mas o comportamente da tal pessoa até aqui cada dia mais demonstra que tem algo de errado e que o meu dislike por ela tem toda razão de ser (ela começou sendo grossa e antipática comigo, mesmo quando tentei ser gentil com ela por mera educação. Agora, de uma hora para outra, passou a me tratar bem, como se sempre tivéssemos sido amigas, sem motivo aparente algum - eu já tenho uma suspeita do motivo... - , ou seja, é de um cinismo e interesseirismo total. E vocês não imaginam o quanto me faz mal dizer isso de alguém...). O problema todo, porém, não é o jeito de ela agir comigo, isso eu tiro de letra, mas o fato de que essa mesma pessoa é tida como linda, divina e maravilhosa por muitas outras, incluindo pessoas de quem eu gosto muito. Explicando melhor, eu sou a única que vê e sente que tem algo de errado e, tomando em consideração a minha até aqui taxa de acerto de 100 % dos casos (ou seja, sempre que o meu sixth sense me disse que a pessoa não era boa coisa ela não era mesmo), me dá um desespero de ver que, muito possivelmente, pessoas de quem eu gosto MUITO podem se machucar. Mas vou eu falar alguma coisa??? Só se eu quiser sair de louca na história toda!
Então, me vejo forçada a ficar quieta, assistindo de longe, torcendo pra que, quando a casa cair, o estrago não seja demais (e o pior é que acho que vai ser...) Me dói ficar quieta, me dói saber que pessoas de quem eu gosto provavelmente (100 % de acerto, gente, 100 %! Mas quem me dera que essa fossa a primeira exceção!) vão sofrer, mas pelo mnenos assim se (vamos ser otimistas, né?) algo acontecer, posso ainda estar por perto pra ajudar (o que não aconteceria se eu abrisse a minha boca; certamente me colocariam pra correr).
Como eu disse, adoto então a tática de ficar no meu canto, diplomaticamente quieta, politicamante correta, me manifestando somente quando a boa educação exige. Mas não me peçam pra ser cínica. Não me peçam pra ir lá conversar com a "queridinha" e ficar jogando confete como todo mundo faz. Essa não sou eu. Ser falsa pra Renata, pra Re aqui, é uma tortura, e não vou me violentar só pra ficar bem na foto. Ah, não mesmo.
Enfim, resumo da ópera: entre naïve e sixth-senser, corre-se o risco de a gente se ver envolvida em dilemas como esse, fazer o quê? C'est la vie, questa è la vita, that's life. Pode não ser a melhor, não é absolutamente a vida que eu quero ou queria ter, mas é a que dá pra ter agora, and we make the best of it.
Thursday, December 04, 2008
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