Friday, May 30, 2008

Go, Speed Racer

Não, não vou falar sobre o filme - até porque eu era fã dos desenhos animados quando era pequena, então fico meio cabreira com essas adaptações para a telona - mas o título "procede", tem sua razão de ser, sim.
Segunda-feira passada eu estava dando aula para uma turma minha, de Upper-Intermediate A. Eu A-DORO aquela galera - tá certo, tem alguns que atormentam a minha vida mas, com certeza, eles mesmos sabem quem são... ;) - e naquele dia, depois de uma atividade com um texto que era uma coluna de revista daquelas de "pergunte a (insira o nome da/o colunista de plantão aqui) e receba conselhos sobre o que fazer", havia uma pergunta: "Você já passou por uma situação semelhante?"
Bom, cada um começou então a contar histórias hilariantes relacionadas aos problemas enviados pelos leitores da tal revista. Um aluno contou que dormiu uma manhã inteira com um tum-tum retumbando na cabeça e quando finalmente acordou (ao meio-dia, óbvio :P) percebeu que era o pai dele que estivera demolindo a parede do quarto AO LADO. Outro, o seu Clóvis, EM PLENO INVERNO desligou a chave de corrente elétrica do chuveiro no meio do banho do filho porque ele não queria sair debaixo d'água, e assim por diante. Histórias daqui, histórias de lá, eu contei algumas minhas, entre elas a de uma vez em que acordei meu irmão com um banho de suco de laranja (não tenho culpa se ele deu um tapão no meu braço quando encostei o copo de suco gelado que a minha mãe tinha mandado eu levar pra ele, na cama, de manhã cedo... :P). Mas a que gerou risadas incontroláveis - inclusive minhas ao contar a história e relembrar o fato - foi uma da minha mãe dirigindo na estrada pra Santa Catarina quando íamos de férias pra praia no verão.
A lembrança do ocorrido veio em função de umas das histórias que apareciam no texto, falando sobre um marido apavorado que, cada vez que saía de carro com a mulher, quase tinha um ataque cardíaco porque ela dirigia way too dangerously. Já a minha personal anecdote foi, como já disse, sobre a minha mãe.
Certo verão fomos pra praia (Bombas/SC) em dois carros: meu pai e minha mãe em um, eu e meu irmão em outro. Foi um dos raros anos em que meu irmão passou o Ano Novo aqui conosco (ele mora em Curitiba e trabalha num órgão do estado do PR responsável pelo processamento de dados de todo o governo, então geralmente ele tem que dar plantão na virada do ano) e pra não pegarmos muito tráfego na estrada saímos de madrugada. Como meu pai cansou por ter levantado muito cedo, ali mais ou menos antes de Torres a minha mãe assumiu a direção do carro deles. Meu pai se recostou no banco e ferrou no sono. Acho que é um pouco depois, passando Torres, que tem uma "lombada eletrônica" na pista. Na verdade, trata-se de um enorme pórtico de ferro preto, um monstrengo, bem no meio da estrada. Um verdadeiro Black Gates of Mordor em plena BR101. Não há como não vê-lo, e já a partir de uma distância bem razoável.
Pois bem, íamos nós nos dois carros (meus pais na frente e eu e meu irmão atrás) e um outro carro puxando a fila. O tal carro, admito, era um tanto irritante, pois por várias vezes minha mãr tentou ultrapassá-lo e ele não deixou (deu aquela "aceleradinha básica" de tirar a paciência de qualquer motorista, ainda mais a minha mãe que tem uma certa "síndrome de Ayrton Senna" e adora um pé no fundo...). E assim eles foram por um bom pedaço, meu irmão e eu assisintdo as tentativas frustradas de ultrapassagem dela e comentando a coisa toda. Nisso, surge lá adiante, no horizonte, o tal do pórtico - ou melhor, a LOMBADA ELETRÔNICA, lembram? - e o cara da frente, ao ver, diminuiu a velocidade. Ahhhh.... foi tudo o que a minha mãe precisou...
Ela botou o pisca, sentou o pé no acelerador e foi, aproveitando pra gesticular feito um mestre-de-bateria de escola de samba ao passar na frente da comissão julgadora, mandando o cara pro quinto dos infernos seguido de, provavelmente, até a sua nonagésima geração.
Meu irmão, ao ver aquilo, se apavorou:
- Olha lááááá!!!!! Aloucavaipassaramaisdecemporhoranalombadaeletrônicaaaa!!!"
Swooooooooooosssssssssssssshhhhhhhhhhh
Lá passou ela, a - conforme comprova a multa recebida depois - 98 km/h.
Nós dois dentro do carro só ficamos assistindo aquela verdadeira passagem do cometa Halley ser registrada pelas câmeras do radar, e ainda tivemos que nos controlar para passarmos, nós, a uma velocidade razoável e não sermos pegos também. E segue viagem. Sim, porque ela NEM PERCEBEEEEEEEU! Não viu. Não percebeu aquela coisinha discreta e mimosa por onde ela passou. Ah, sim: passou a 98 km/hora....
Meu pai, nisso tudo, dormia a sono solto, feito um bebê, no banco do carona, totalmente inocente e unaware dos feitos e fatos ocorridos à sua volta.
Algum tempo depois fizemos um pit stop para banheiro, refri e talz, e na hora em que descemos do carro meu irmão me disse:
- Sai com o pai na frente que eu vou falar com ela...
Ele falou, e o melhor - melhor no sentido de mais engraçado - foi que quando ele perguntou "tu viu o que tu fez????" a resposta, com a cara mais ponto de interrogação possível dela foi "Eeeuu? O que é que eu fiz?"
É óbvio que em nome da santa paz do resto de nossas férias o caso morreu, foi velado e sepultado ali mesmo. Ninguém falou mais naquilo senão meu pai ia surtar. Mas, como aquele dia devia ser parente da Sexta-Feira 13, o momento ressuscitou feito Jason alguns meses depois, quando a multa chegou. Difícil aí foi fazer o meu pai parar de bufar, reclamar e ameaçar processar a Polícia Rodoviária Federal por fraude em multas (já que ele "nunca teria passado àquela velocidade numa lombada eletrônica!!!") pra escutar o que realmente tinha acontecido.
Eu rio toda vez que me lembro da história e meus alunos morreram de rir também. Ela é melhor contada ao vivo, com a interpretação da cara do meu irmão e dos gestos da minha mãe pro tal motorista, mas espero que vocês tenham gostado também. E, principalmente, que tenham dado umas boas risadas, porque neste momento tudo o que mais quero é gente rindo e feliz à minha volta.

2 comments:

Anonymous said...

uhsauhsahusauhu
MISSAO CUMPRIDA!
O texto eh longo, mas vale a pena do inicio ao fim! Se assim, escrito, nao parei de rir, com os "gestos e caras" mencionados eu teria que ter um penico em maos para eventual "desastre"!

S E N S A C I O N A L ! ! !

Re said...

Hehehe... fico feliz pela "mission accomplished", mas ainda bem que nunca te contei ao vivo: não ia querer ser responsável pelo "desastre"! ;)
Beijo!